EDITORIA DE CULTURA
Texto do prof. Hélio Ademar Schuch – Universidade Federal de Santa Catarina
A editoria de Cultura compreende fatos como cinema, teatro, literatura, música, pintura, dança, ópera, folclore, etc., enfim, áreas das artes. Praticamente todos os jornais e revistas produzem matérias de Cultura. A Folha de S. Paulo tem o caderno “Mais”, a Gazeta Mercantil o caderno “Fim de Semana”. Quando não existe editoria específica, os fatos são tratados isoladamente, usando-se uma cartola. Ao mesmo tempo, esta editoria apresenta quantidade significativa de críticas das artes. A função de articulista de Cultura parece estar em alta em muitos veículos.
Os fatos de Cultura são importantes para qualquer veículo de informação jornalística e exigem pautas de qualidade. Não é uma editoria “fácil” como pode parecer para alguns, porque é necessário um conhecimento razoável das artes e muito senso jornalístico. Por outro lado, é uma editoria que sempre tem fatos para cobrir.
Discutiremos em aula a abordagem destes fatos, e para isso é fundamental cada aluno colocar suas dúvidas, mas um ponto precisa ficar claro: não há chance nenhuma de elaborar pautas sobre Cultura sem um mínimo de conhecimento prévio do fato abordado. E para isso - sempre é preciso dizer e enfatizar - a cultura (sem nenhum trocadilho) de cada jornalista é a condicionante principal. Por isso, como já dito, algumas atividades são necessárias: leitura de jornais e revistas e audiência de programas de TV, além de leitura de livros (principalmente de história da arte e artes), como também ir ao cinema, assistir peças de teatro e concertos de música clássica, conhecer museus, visitar exposições, etc.
As pautas de Cultura não fogem à regra do estrito senso jornalístico, mas um detalhe é importante: são fatos restritos a públicos definidos e que conhecem, ou pelo menos têm um conhecimento razoável, sobre a arte abordada. Assim, as pautas exigem abordagens sofisticadas. Quando isso é dito, deve-se pensar numa pauta para entrevistar um maestro de uma orquestra sinfônica, um pintor famoso, um escultor de renome, um diretor de cinema conceituado, um escritor de sucesso, um ator de teatro reconhecido.
Estas pautas, para escapar do senso comum das artes e produzir boas matérias, devem, necessariamente, buscar informações que não aparecem com frequência no material jornalístico do tipo “generalidades sobre a arte enfocada”.
Ao contrário, devem procurar trazer informações singulares do tipo “processo de produção da arte”, “opiniões qualificadas de terceiros (críticos)”, “relações da arte com a sociedade”, “necessidade das manifestações artísticas”, “elitização e popularização das artes”, “questionamentos típicos da arte”, etc.
Uma editoria de Cultura pode fazer um trabalho interessante dependendo da criatividade e conhecimento do pauteiro. Suas pautas devem ter a preocupação em difundir informações que valorizem todas as manifestações culturais. Não só para difundir para públicos maiores como também criar uma cultura (no sentido de valorização) de fatos que, cada vez mais, são restritos a pequenos grupos.
A pauta de Cultura, enfim, participa, jornalisticamente, do desenvolvimento das artes de um povo. Um desenvolvimento que implica em conhecimento e valorização por parte do público do veículo.
EDITORIA DE ESPORTES
Texto do prof. Hélio Ademar Schuch – Universidade Federal de Santa Catarina
A editoria de esportes, em qualquer veículo, é extremamente importante. Em primeiro lugar, pela cultura brasileira do futebol. Em segundo, pela valorização dos esportes em geral, como material jornalístico, em todos os veículos, e principalmente pela televisão. Em terceiro, pela valorização atual dos esportes como atividades ligadas à saúde. Existe uma cultura do esporte (“geração saúde”) o que, diga-se de passagem, é altamente positivo. Academias de atividades físicas tornaram-se comuns. Eventos esportivos como Olimpíadas, Copa do Mundo, campeonatos esportivos, e outros, conseguem enorme audiência. Estes eventos são, na verdade, espetáculos que rendem muito dinheiro. Pode-se dizer que os esportes são negócios. Mais do que nunca, esportes e publicidade (e essa por sua vez exige audiência) estão ligados.
A editoria de esportes envolve todos os esportes, e um parâmetro desta totalidade são as Olimpíadas. Esporte olímpico tem status, posição neste mundo. Por isso, todos estes esportes devem ser considerados. Ao mesmo tempo, esportes não olímpicos, como futsal de salão, surf, são também importantes. (Aliás, na próxima Olimpíada o futsal será integrado ao leque de seus esportes).
Para deixar bem claro, o futebol é um esporte de massa com expressiva importância, mas natação, remo, basquete, vôlei, remo, vela, judô, etc, apresentam significativa importância. Por esta diversidade, o jornalista deve conhecer todos os esportes. E isso significa conhecer as regras de cada um, campeonatos (locais, regionais,nacionais e mundiais), equipes, e, principalmente, quem-é-quem em cada esporte.
Como em qualquer outra editoria, atualização é fundamental, como - sempre é bom enfatizar - senso jornalístico, que se explicita em elaborar perguntas jornalisticamente importantes para esportistas, técnicos, “cartolas”. Já fazem parte do folclore aquelas perguntas de repórter do tipo “o que você achou da partida?”, “o que você está sentindo após esta vitória?”, “foi muito emocionante esta vitória?”, “o que você achou do adversário?”, “o que aconteceu para esta derrota?”
Pode-se dizer que os esportes têm duas frentes para a elaboração de pautas: 1) o próprio evento, 2) o que está por trás do evento (interesses comerciais, pessoais, políticos, institucionais). O próprio evento deve ser coberto com uma pauta que compreenda informações até agora não comumente contempladas. Um exemplo são informações técnicas, já que isso produz um conhecimento mais científico do esporte. É uma compreensão nova do esporte, de um outro nível.
Já o que está por trás do evento é fundamental para mostrar as ligações que existem com o esporte. Desde uma marca de tênis até a disputa de uma cidade para ser sede de uma Olimpíada, passando por empresas patrocinadoras de grandes clubes esportivos e venda de aparelhos de televisão em véspera de eventos mundiais.
Como sempre, pauta é criatividade combinada com senso jornalístico. A editoria de esportes oferece muito para boas matérias. Discutiremos em aula este conteúdo.
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